Bigénero

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    Bigénero, ou bi-género, é uma identidade de género englobada pelos termos guarda-chuva multigénero, não-binário, e transgénero. Pessoas bigénero têm duas identidades de género distintas, ou ao mesmo tempo, ou em períodos de tempo diferentes. A definição posterior é um tipo de género fluido e pode envolver apenas dois géneros distintos ou "tons de cinza entre os dois."[1] Os dois géneros de uma pessoa bigénero podem ser os dois géneros binários, mulher e homem. Isto é o que as pessoas normalmente assumem que bigénero significa. Porém, algumas pessoas que se identificam como bigénero podem ter um par de géneros diferente. Por exemplo, os seus dois géneros podem ser mulher e neutrois. Ou os dois géneros podem ser ambos não-binários, tal como agénero e aporagénero. A identidade bigénero é reconhecida pela Associação Americana de Psicologia (AAP) como uma subcategoria de transgénero.[2]

    História

    Em 1997, um artigo sobre o "continuum do género" no Jornal Internacional do Transgenerismo constatou que "uma pessoa que se sente ou age como ambos uma mulher e um homem poderá identificar-se como bigénero." O artigo também descreveu indivíduos que eram "géneromisto" (genderblended em inglês), sendo ambos os géneros binários mas ou "mais homem que mulher" ou "mais mulher que homem".[3]

    Um inquérito dirigido em 1999 pelo Departamento de Saúde Pública de São Francisco verificou que, dentro da comunidade transgénero, menos de 3% dos participantes que foram classificados homens ao nascimento e menos de 8% dos que foram classificados mulheres ao nascimento se identificavam como bigénero.[4]

    Numa enciclopédia de 2010, bigénero é listado como um tipo de "género andrógino": "Identidades andróginas incluem pangénero, bigénero, ambigénero, sem género, agénero, género fluido, ou intergénero."[5]

    Em 2012, Case e Ramachandran elaboraram um relatório sobre os resultados de um inquérito a pessoas género fluido que se referiam a si mesmas como bigénero e experienciavam uma alternância involuntária entre estados femininos e masculinos. Case e Ramachandran deram a esta condição o nome "Incongruência de género alternante (IGA)." Case e Ramachandran criaram a hipótese de a alternância de género poder refletir um grau atípico (ou profundidade) de alternâncias hemisféricas, e uma correspondente supressão de mapas corporais apropriados no lobo parietal. Eles declararam "nós levantamos a hipótese de que a monitorização do ciclo nasal, índice de rivalidade binocular, e outros indicadores de alternâncias hemisféricas irá revelar uma base fisiológica para os relatos subjetivos da alternância de género dos indivíduos com IGA... Baseamos a nossa hipótese em associações ancestrais e modernas entre os hemisférios esquerdo e direito e os géneros masculino e feminino."[6][7][8] Estes doutores acreditam que quando pessoas bigénero sentem uma mudança entre as suas identidades de género, tal poderá ter a ver com uma mudança em como elas usam partes dos seus cérebros. A mudança de género poderá também estar relacionada com um dos ciclos que todos os humanos possuem no seu corpo, especificamente, uma válvula no nariz que troca de lado a cada dois dias (o ciclo nasal). Isto é apenas uma hipótese, constituindo uma ideia interessante que não está provada.

    Em 2014, bigénero foi um dos 56 géneros disponibilizados aos usuários do Facebook.[9]

    Em 2015, um significado para a palavra "bigénero" foi adicionado a Dictionary.com,[10] definindo-a como "uma pessoa que tem duas identidades de género ou uma combinação de duas."[11]

    Em 2017, bigénero foi um dos 37 géneros adicionados ao aplicativo de relacionamentos online Tinder.[12]

    Expressão de género

    Pessoas bigénero "alternam entre comportamentos femininos e masculinos dependendo do contexto. Alguns indivíduos bigénero expressam uma persona nitidamente ‘en femme’ e uma persona nitidamente ‘en homme’ [...] outros têm tons de cinza entre as duas.[13]

    Pessoas bigénero notáveis

    Ukrainian author R.B. Lemberg, who descibes themself as bigender.

    Ver o artigo principal: Pessoas não-binárias notáveis

    Existem muitas mais pessoas notáveis que têm uma identidade de género fora do sistema binário. As seguintes são apenas algumas das pessoas notáveis que usam especificamente a palavra "bigénero" ou "bi-género" para se referirem a si mesmas.

    • A música Eslovaca B-Complex (Matia ou Maťo Lenická) é DJ e produtora de música de bateria e contrabaixo. Prefere o nome Maťo quando se aparenta como homem e o nome Matia quando se aparenta como mulher.[14] O primeiro grande lançamento da artista foi "Beautiful Lies", que apareceu na compilação "Sick Music" da Hospital Records. A compilação alcançou o top 30 no iTunes UK Download Chart, e esteve no top 5 no Beatport Drum and Bass Chart.[15][16] B-Complex usa os pronomes ela/dela/-a (de acordo com a conta Soundcloud dela), e diz, "acontece que também sou uma pessoa transgénero, bi-género em particular."[17]
    • Ê escritore Ucraniane R.B. Lemberg é bigénero.[18][19] A ficção especulativa de Lemberg foi publicada nas revistas Lightspeed, Strange Horizons, Beneath Ceaseless Skies e Uncanny Magazine e no livro Sisters of the Revolution.
    • Ê noveliste Mia Siegert é bigénero.[20] O livro-estreia de Siegert, "Jerkbait", obteve uma posição no Goodreads Best YA of May 2016, no Top 12 Indie YA do blogue juvenil Barnes & Noble e no Top 10 YA of 2016 do AndPop![21]

    Personagens bigénero ficcionais

    Ver o artigo principal: Géneros não-binários na ficção

    Existem muitas mais personagens ficcionais que têm um género fora do sistema binário. As seguintes são apenas algumas dessas personagens que são designadas especificamente pela palavra "bigénero", ou em canon, ou pelos seus criadores.

    • But I'm A Cat Person de Erin Ptah - Webcómico de ficção urbana contendo uma personagem bigénero - Timothy/Camellia Mattei - tal como diversos 'Seres' capazes de assumirem formas masculinas e femininas. O cómico também contém várias personagens LGB e é atualizado três vezes por semana.
    • A novela de Mia Siegert Somebody Told Me tem ume protagonista bigénero que usa ambos os nomes Alexis e/ou Aleks.[22]

    Ver também

    Ligações externas

    Referências

    1. Schneider, M., et al. APA Task Force on Gender Identity, Gender Variance, and Intersex Conditions, 2008 http://www.apa.org/topics/sexuality/transgender.pdf (PDF)
    2. Schneider, M., et al. APA Task Force on Gender Identity, Gender Variance, and Intersex Conditions, 2008 http://www.apa.org/topics/sexuality/transgender.pdf (PDF)
    3. Eyler, A.E.; Wright, K. (1997). "Gender Identification and Sexual Orientation Among Genetic Females with Gender-Blended Self-Perception in Childhood and Adolescence". International Journal of Transgenderism.
    4. Clements, K. "The Transgender Community Health Project." San Francisco Department of Public Health. 1999. http://hivinsite.ucsf.edu/InSite?page=cftg-02-02
    5. Encyclopedia of Curriculum Studies, page 894, SAGE Publications, 2010.
    6. Case, L. K.; Ramachandran, V. S. (2012). "Alternating gender incongruity: A new neuropsychiatric syndrome providing insight into the dynamic plasticity of brain-sex". Medical Hypotheses 78 (5): 626–631. doi:10.1016/j.mehy.2012.01.041. PMID 22364652. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22364652
    7. "Bigender - Boy Today, Girl Tomorrow?". Neuroskeptic. April 8, 2012. http://neuroskeptic.blogspot.com/2012/04/bigender-boy-today-girl-tomorrow.html
    8. Stix, Gary (2012-04-20). "'Alternating Gender Incongruity' Causes Rapid Shifts Of Gender, Scientist Claims". The Huffington Post. http://www.huffingtonpost.com/2012/04/19/alternating-gender-incongruity_n_1438911.html
    9. Eve Shapiro, Gender circuits: Bodies and identities in a technological age. Unpaged.
    10. "New words added to Dictionary.com." May 6, 2015. http://blog.dictionary.com/2015-new-words/
    11. "Bigender." Dictionary.com. Retrieved May 18, 2015. http://dictionary.reference.com/browse/bigender
    12. Mallenbaum, Carly (15 November 2016). "What you need to know about Tinder's new gender identity terms". USA TODAY. Retrieved 29 April 2020.
    13. Schneider, M., et al. APA Task Force on Gender Identity, Gender Variance, and Intersex Conditions, 2008 http://www.apa.org/topics/sexuality/transgender.pdf (PDF)
    14. Pecíková, Laura. "Prelomil/a B-complex: Keď som muž, tak som Maťo, keď žena, tak Matia" [B-complex explained: When I'm a man, I'm Mato, when a woman, Matia]. Denník N (in Slovak). Retrieved 28 March 2020.
    15. Kivex (15 June 2009). "Interview: London Elektricity & B-Complex". Broken Beats. Archived from the original on 17 January 2015. Retrieved 2014-09-17. CS1 maint: discouraged parameter (link)
    16. "Hospital Records - B-complex". Hospital Records. Archived from the original on 2013-05-14. CS1 maint: discouraged parameter (link)
    17. Facebook post, June 6, 2015
    18. http://rblemberg.net/?page_id=16
    19. @RB_Lemberg (July 25, 2018). "@bogiperson is my spouseperson and Mati the Child is our childperson. We are all #ActuallyAutistic :) I forgot to mention that I am bigender and use the pronoun "they." Good to see you here - come say hello if you feel like it! <3" – via Twitter. line feed character in |title= at position 102 (help)
    20. "Writing from a Place of Truth". Diversity in YA. Retrieved 2 May 2020. I’m bigender, identifying as both a mostly-hetero female and a gay male.
    21. Mari (January 7, 2020). "Sensational Sophomores: Interview with Mia Siegert". musings of a book girl. Retrieved May 2, 2020.
    22. "A Book Trailer, Podcast, and Mia Siegert's Playlist for Somebody Told Me". The Lerner Blog. Lerner Publishing Group. May 2020. Retrieved 5 July 2020.